A contribuição da Antropologia social na abordagem neo-instucionalista na política brasileira

Considerando a hegemonia da abordagem neo-instucionalista no campo da ciência política moderna, onde este modelo, ao contrário do instucionalista prevê a concentração de dados empíricos e reais dos atores sociais, desta forma a antropologia social pode contribuir em muito para a análise da política brasileira, pois sua especificidade é trabalhar a partir do local, buscando a unidade na diversidade, a partir da cultura dos indivíduos, dando vozes aos atores sociais, contribuindo assim para um regime político mais eficaz, justo e humano.

Levantando dados para orientar na liberação de recursos financeiros a esses agentes sociais, e subsidiando os políticos nas tomadas de decisões ou desenvolvimento levando em consideração a cultura local, étnica, etc de um grupo específico ou de uma determinada sociedade.

Os antropólogos também podem orientar as pessoas para a necessidade da formação de uma instituição: seja uma Associação, Cooperativa, ONG,… pois é necessário para os indivíduos dialogarem com os poderes legislativo, executivo, ou governo federal e assim saírem da invisibilidade e marginalidade e garantirem seus direitos individuais e ou coletivos.

Principalmente os antropólogos que pesquisam junto aos coletivos tradicionais, tais como: pescadores artesanais, pequenos agricultores, indígenas, afrodescendentes; e assim instrumentalizá-los para terem acesso a recursos financeiros, garantia de seus direitos étnicos, saúde, aposentadoria, etc. Então será a antropologia social ou os antropólogos os  mediadores entre os indivíduos e o Estado para a eficiência nas políticas públicas em todas as áreas de interesse comum.

Otávio Bezerra (1999, 12) aponta que os parlamentares em seus gabinetes na Câmara ou no Senado atribuem importância aos pedidos de suas bases eleitorais, disponibilizando verbas federais aos Estados e municípios que os elegeram. Para tal entram as relações de apoios entre prefeitos, parlamentares e autoridades governamentais, isto é, “As relações entre os poderes “local” e “central”. O autor também aponta que esta atitude não é hegemônica e os parlamentares incluem em suas tarefas as “Suas atribuições formais, afiliações partidárias, interesses de classe e corporativos” (1999, 13).

Desta forma entre as contribuições que a antropologia social poderia dar para a política brasileira seria auxiliando nas prefeituras das cidades brasileiras, inscrevendo e conduzindo projetos para o município, nas áreas da educação, saúde, promoção de renda, desenvolvimento sustentável, ou seja, fazendo as solicitações aos parlamentares em conformidade com a realidade local, e também levando em consideração o contexto de globalização.

No entanto, a abertura de editais em busca de antropólogos para trabalhar em prefeituras ainda não é consolidado, só em algumas instituições governamentais, o que mais vejo são editais para sociólogos. Cabe aos antropólogos buscarem este nicho de emprego, demonstrando interesse na abertura de editais para compor uma carreira de servidor público junto as prefeituras.

Entretanto, não adianta um profissional capacitado inscrever e concorrer com  projetos para o município e como explica Otávio Bezerra, o poder executivo desviar os recursos das verbas, ou fazer as construções e não inaugurá-las, ou então não dar continuidade ao(s) projeto(s), entre outros exemplos de corrupção. Como apresentado no vídeo “O bem Amado”, onde o prefeito de Sucupira construiu um cemitério que demorou muito para ser inaugurado, o motivo foi os desvios das verbas, e as construções de  túmulos pequenos, os quais um adulto não poderia ser sepultado. Exemplos assim, nós vemos diariamente nas mídias, ou na própria cidade em que moramos, infelizmente a corrupção está se agravando cada vez  mais e tornando-se prática comum em muitos municípios brasileiros.

Assim a antropologia pode contribuir para a análise da política brasileira abordando em suas pesquisas as questões políticas do seu contexto de trabalho e pesquisa, sejam de coletivos urbanos ou rurais, de brancos, indígenas ou afro descendentes, etc. Trazendo as suas especificidades, subsidiando os políticos dentro do possível para a construção de uma sociedade mais justa e humana para todos.

Por: Cátia Simone Castro Gabriel da Silva
Discente do Bacharelado em Antropologia Social e Cultural – UFPel

Referência bibliográfica:
Bezerra, Marcos Otávio. Em nome das “bases”: política, favor e dependência pessoal. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Núcleo de Antropologia Política, 1999.

 

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