Alterações climáticas ameaçam produção alimentar, patrimônio cultural e espaços naturais, advertem participantes em conferência da ONU

As alterações climáticas irão afetar diretamente a produção de alimentos no futuro e tornar mais difícil alimentar a população em rápido crescimento do mundo, advertiram os participantes numa conferência das Nações Unidas sobre este tema realizada no Quénia.

Simultaneamente, sítios classificados como patrimônio cultural e natural – desde o recife de coral preferido de Charles Darwin em Belize, na América Central e do famoso Parque Nacional da Costa Ocidental da África do Sul até ás ruínas tailandesas com 600 anos e aos locais arqueológicos da Escócia – estão sujeitos à ameaça crescente dos efeitos dos chamados gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global.

O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Castro Paulino Camarada, disse, na Conferência das Nações Unidas sobre  Alterações Climáticas que é necessário dedicar mais atenção ao impacto das alterações climáticas na agricultura, silvicultura e pesca, bem como a medidas de atenuação e adaptação.

Segundo a FAO, utilizando as tecnologias certas, a conversão de biomassa – por exemplo, resíduos de madeira e das colheitas, ervas, palha e mato – em combustível pode ser uma importante fonte de energia limpa de baixo custo e, simultaneamente, impulsionar o desenvolvimento econômico das comunidades rurais, contribuindo para aumentar os rendimentos dos agricultores e para uma maior segurança alimentar. Algumas culturas, como as de cana-de-açúcar, milho e feijão de soja, já estão a ser utilizadas para produzir etanol ou biodiesel.

No domínio da silvicultura, a FAO considera que uma melhor gestão florestal pode desempenhar um papel decisivo nos esforços desenvolvidos a nível mundial para combater os efeitos das alterações climáticas. Quando são sobre exploradas e queimadas, as florestas tornam-se fontes de emissões de gases com efeito de estufa. Por outro lado, as florestas e a madeira que produzem captam e armazenam o dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo para a atenuação das alterações climáticas.

Relativamente aos sítios classificados como patrimônio nacional ou mundial, há tesouros de valor incalculável em risco devido à subida dos níveis do mar, cheias e tempestades. Há mesquitas, catedrais, monumentos e outros bens patrimoniais antigos também em risco devido às alterações nas condições climáticas, que conduzem a variações subtis mas prejudiciais dos níveis de humidade, o que afeta diretamente as estruturas, ou da composição química e estabilidade dos solos em que essas construções foram edificadas.

Estas são algumas das conclusões de um novo relatório lançado na Conferência intitulado The Atlas of Climate Change: Mapping the World’s Greatest Challenge, elaborado por investigadores do Instituto do Ambiente de Estocolmo com a assistência do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA).

“A adaptação às alterações climáticas pode e deve incluir os sítios naturais e os sítios importantes em termos culturais”, disse Achim Steiner, Director Executivo do PNUA.

Koichiro Matsuura, Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) realçou que as alterações climáticas estão a afetar todos os aspectos dos sistemas humanos e naturais. “Proteger e garantir a gestão sustentável destes sítios tornou-se, portanto, uma das grandes prioridades intergovernamentais”, disse.

(Baseado numa notícia produzida pelo Centro de Notícias da ONU a 7/11/2006)

Fonte: www.unric.org

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *