Intitulado PRÁTICAS ANTROPOLÓGICAS NO TEMPO DA RECODIFICAÇÃO
O Prof. Alfredo Wagner comentou que os 17 códigos que regem a sociedade estão tendo modificações que interferem nas práticas antropológicas, o “Tempo da recodificação” se refere as dificuldades da antropologia na atualidade.
Para nós que trabalhamos com povos tradicionais, devemos observar principalmente as alterações dos códigos relativos a territorialidade: Código de Mineração de 1967; Código Florestal de 1965; e o Código das águas. Sem esquecermos da regulamentação da Convenção 169, pois essas alterações dizem respeito aos nossos trabalhos de campo.
E ai Wagner chama atenção para algumas categorias e seus conceitos:
Conceito de território;
Conceito de identidade;
Conceito de sociedade.
Pois ele explica que o Ministério da Pesca diz que é “pescador” aquele que “pesca”, e então muitas famílias ficam excluídas dessa condição, porque além de pescar, cultivam, caçam, ou extraem.
A pesca passou a ser tratada como uma profissão e não mais como uma identidade, no entanto, nas leis de reconhecimento dos povos tradicionais devemos prestar atenção porque na verdade não é uma profissão, é uma identidade. Então há um conflito entre uma identidade coletiva e uma ocupação, entre uma profissão e um elemento identitário.
O dado da profissão, da ocupação se sobrepoem ao da identidade, essa é uma primeira atenção que se reflete na prática antropológica, havendo dificuldades nas pesquisas, pois temos que especificar claramente e conforme as alterações nos Códigos de quem estamos pesquisando, por exemplo: “Uma pesquisa que se define com pescador tem que cumprir aquilo que está sendo definido à pesca”.
Então teremos pescador enquanto profissão, substituindo pescador enquanto identidade, Wagner chama a atenção sobre essas transformações que terão efeito nos nossos trabalhos e vão ter efeitos sobre os processos de pesquisa.
Alfredo também comentou que na Rio + 20 o mais discutido foi os três pilares do desenvolvimento sustentável, ou seja, a integração entre o social, o econômico e o ambiental, mas que o “fator cultural é essencial e não pode ser abstraido, o dado da identidade e sobretudo aquele da auto definição”, para poder refletir sobre essa situação difícil que nós antropólogos estamos enfrentando com as alterações nos Códigos.
Para quem ainda não viu, vale muito a pena assistir http://www.youtube.com/watch?v=ThG3Fm6D49I
Por Cátia Simone da Silva
Discente Bacharelado em Antropologia Social e Cultural/UFPel
Integrante do NETA – Núcleo de Etnologia Ameríndia/UFPel e NECO – Núcleo de Estudos sobre Populações Costeiras e Saberes Tradicionais/FURG