O idealizador do E14 foi Hirton Fernandes, o evento aconteceu em outubro de 2008 e reuniu todos os povos indígenas da Bahia na Aldeia Tuxá, em Rodelas norte do Estado da Bahia, onde várias instituições sociais, tais como a Secretaria de Cultura junto com a Secretaria de Justiça, a FUNAI e diversos parceiros promoveram o encontro das culturas dos 14 Povos Indígenas do Estado Bahiano.
Cada etnia possui as suas aldeias e todas tem as suas peculiaridades e semelhanças culturais, o encontro teve a participação de jovens, gestores, pagés e mulheres. E a partir desse, as mulheres solicitaram a participação efetiva no encontro, sendo um só delas onde cada uma representaria a sua aldeia.
A indígena Nadia Cauã, da aldeia Tupinambá de Olivença, diz que “tinha que ter um momento só delas, não com jovens, caciques, pagés e mulheres, mas sim, só de mulheres”. Para Edineide Pataxó, da Aldeia Pataxó de Coroa Vermelha esse encontro “é troca de experiência, nós vamos passar coisas diferentes umas para as outras”, então o encontro atendendo o pedido das mulheres passou a chamar-se E14+, acontecendo na Serra do Padeiro, onde reuniram-se as mulheres representantes das 14 etnias do Estado da Bahia.
O Pajé Lírio, da Aldeia Tupinambá localizada na Serra do Padeiro, com bom humor e carisma explicou que ali existe um elo de parentesco muito forte, porque a aldeia já vem sendo habitada desde os seus avós, depois pelos seus pais, e agora por ele. Comenta que antigamente não existia objeto para ralar, então ralavam numa pedra, também não existia fósforos naquela época, era a pedra figo de cado que acendia o fogo. As panelas, os pratos, tudo era de barro, e ainda hoje em qualquer mata no pé da Serra é encontrado os cacos, com as decorações feitas por eles.
O encontro E14+ recebeu vários elogios devido ao grande número de participantes, o controle na qualidade da alimentação produzida foi um deles, pois passou por uma gastronomia cultural, onde foi servido o beju, a pamonha, frutas…
Nas explanações cada mulher falou a sua maneira, sendo um jeito singular de pensar e ser, narrando histórias da sua aldeia e através da reciprocidade dando e recebendo as informações ocorreram as trocas, ou seja, o que era problema numa aldeia poderia não ser na outra, mas dialogando com o grupo surgiam as contribuições para solucionar alguns problemas .
As atividades foram divididas em seis oficinas, saúde, organização, protagonismo, violência, sustentabilidade e educação, a questão de gênero também fez parte das discussões das mulheres.
Por Cátia Simone da Silva
Discente Bacharelado em Antropologia Social UFPel
Integrante NETA – Núcleo de Etnologia Ameríndia/UFPel