Fazendeiros da região de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, atacaram violentamente mais de 125 famílias de indígenas Guarani-Kaiowá, que haviam retomado suas terras tradicionais no último dia 9 de agosto e estabelecido no local a aldeia Pyelito Kue /Mbarakay.
Desde a ocupação da região os indígenas têm sido vítimas de terror constante por parte dos empregados das fazendas, que durante a noite circundavam as barracas e atiravam para o alto além de ameaçarem as pessoas, inclusive idosos e crianças. No último dia 23 de agosto houve um confronto e os indígenas foram atacados pela primeira vez resultando em diversos líderes feridos, sendo que os indígenas Silvio Benites, Luiz Velario, Ramão Fernandes e o idoso Arturo Fernandes, de 78 anos, ficaram gravemente feridos.
Na noite desta segunda-feira, dia 5, os fazendeiros, fortemente armados, voltaram novamente ao local e expulsaram com extrema violência, aqueles que ainda resistiam destruindo todas as barracas e expulsando os indígenas para a margem de um rio próximo a uma estrada da região. Cerca de 50 lideranças continuam no local sob risco de serem novamente agredidas.
Os Guarani-Kaiowá entraram em contato com a coordenação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), responsável pela área, mas tiveram resposta de que a instituição não dispunha de carro e combustível para irem ao local prestar assistência aos índios, que além das agressões sofrem com a falta de alimentos e assistência médica.
Os indígenas também procuraram o procurador da República, Marco Antonio Delfino, o qual afirmou que solicitaria apoio da polícia para impedir os ataques dos fazendeiros. Até o final da tarde desta terça-feira não havia nenhum sinal de ajuda.
A Aty Guassu, a Articulação dos Povos indígenas do Brasil (APIB) e demais organizações indígenas estão monitorando a situação e exigem providências urgentes da FUNAI, Ministério Pública e outras autoridades responsáveis, para que mais uma tragédia não se repita em Mato Grosso do Sul.
Nota da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, socializada pelo CIMI.
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No Brasil existe muita discriminação aos indígenas, mas o Estado do Mato Grosso ganha disparado, é triste ler uma matéria como essa, mas infelismente é a realidade. Então observa-se que a FUNAI e a FUNASA são apenas órgãos de enfeite do Estado, pois efetivamente não resolvem os problemas dos ameríndios. Pois estive terça-feira na aldeia Irapuá em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul e encontrei eles sem água encanada porque a bomba d`água queimou e a FUNASA levou o motor para consertar, e já passava de trinta dias e não retornavam. Também estavam com poucos alimentos, sem assistência médica e escolar para as crianças. Felizmente na quarta-feira dia 7 de setembro Mario Menezes, José Alencar e José Linhares de Borba, membros de uma igreja Pentecostal próxima ao acampamento levaram cestas básicas para as 13 famílias da aldeia. Os Mbyá-Guarani disseram-me que a FUNAI não aparece, só a FUNASA e não é sempre, podemos observar que não é só no Mato Grosso, mas no Rio Grande do Sul também está ocorrendo negligências por parte de órgãos responsáveis com os coletivos ameríndios.
Cátia Simone