Os antropólogos têm múltiplas funções e enquadramentos profissionais. Maioritariamente situados em Câmaras Municipais, Associações de Desenvolvimento, Museus e Instituições diversas do Estado, podem no entanto, desenvolver atividades nos mais diversos locais, dependendo sempre, dos objetivos propostos.
Os antropólogos, essencialmente, vocacionados para desenvolverem ações de investigação, inventariação, museografia, apoio e acompanhamento de iniciativas locais. É essa a sua principal função, e deve ser nesse sentido que orientam o seu trabalho diário. Contudo, em paralelo e sempre que tal não comprometa as demais funções, o antropólogo poderá prestar apoio noutras áreas do conhecimento, integrando equipes multidisciplinares, disponibilizando os seus conhecimentos, e a sua formação, procurando optimizar as ligações privilegiadas que detêm com outros cientistas sociais, igualmente situados em outras Câmaras Municipais, promotores e parceiros.
Entidades Empregadoras:
Autarquias, museus, ministérios, estabelecimentos de ensino, empresas de pesquisa, organismos de investigação relacionados com a antropologia, órgãos de comunicação social local e regional e organismos que se dedicam a atividades de desenvolvimento regional, ambiente, planeamento e ordenamento do território.
Formação:
Licenciaturas: Antropologia, Antropologia Social, Antropologia Aplicada ao Desenvolvimento.
Perfil/Natureza do Trabalho dos Antropólogos:
Os antropólogos são os profissionais que estudam o homem e as relações culturais e sociais que se estabelecem entre indivíduos e ou grupos. Procuram perceber a realidade humana analisando os mecanismos de relacionamento humano (ex.: a amizade) e as formas de organização social (ex.: a família).
Dado que a realidade social se apresenta como um vasto campo de ação para os antropólogos, estes acabam geralmente por trabalhar num ramo particular da antropologia, nomeadamente: cultural, social, política, do simbólico entre outros.
Dentro de cada domínio de especialização, antropólogos podem desenvolver trabalho sobre temas tão diversos como o a integração social das minorias étnicas e culturais, os movimentos migratórios, o aparecimento de novos movimentos religiosos, os fenômenos ligados à pobreza e à exclusão social, o surgimento de novos modelos familiares, a imagem das instituições políticas junto da opinião pública e muitos outros.
Para analisar a realidade social, estes profissionais têm, em primeiro lugar, que se distanciar das explicações aparentemente óbvias e dos preconceitos que possam existir acerca do fenômeno social em estudo, para de seguida caracterizá-lo. Assim, o primeiro procedimento que devem ter é por em causa a validade desse argumento e não aceitá-lo logo como verdadeiro. Este procedimento designa-se por ruptura com o senso comum.
Procuram de seguida enquadrar o fenômeno no seu contexto social, ou seja, procuram compreender todos os fatores que possam explicar esse mesmo fenômeno. Por outro lado, tentam também compreender e interpretar as explicações e opiniões que as pessoas têm sobre determinado fenômeno, isto é, procuram perceber o sentido que lhe atribuem.
Deste modo, um dos procedimentos básicos dos antropólogos no desenvolvimento do seu trabalho é a recolha de informação, através de uma estratégia muito particular que é o trabalho de campo. Estes profissionais utilizam um conjunto diverso de métodos e técnicas de análise de âmbito quantitativo e qualitativo para recolherem informação.
Um dos processos utilizados é a observação direta que se pode designar por observação direta – quando contatam pessoalmente com os indivíduos que pretendem estudar e conversam com eles – ou observação participante – se integram durante algum tempo na vida da comunidade ou grupo em estudo. Podem também elaborar conjuntos de perguntas sistematizadas que serão colocados a grupos de pessoas maiores ou menores, segundo uma amostra da população que se pretende estudar, que se designam de inquéritos por questionário. Podem ainda optar por realizar entrevistas mais aprofundadas a determinados indivíduos. Um outro tipo de instrumento de recolha de informação diz respeito à análise documental, isto é, à consulta de documentos e fontes de natureza diversa (dados estatísticos, revistas, jornais, livros, etc.).
Antes do processo da recolha de informação, os antropólogos necessitam de pesquisar e reunir os conjuntos de teorias que dentro da área que estão a estudar lhes permitem saber, não só que tipo de informação devem recolher, mas também como devem analisar e interpretar essa informação. É este procedimento de elaboração dos quadros teóricos que permite fazer o enquadramento de todo o processo de pesquisa.
O desenvolvimento de novas tecnologias tem facilitado o trabalho dos antropólogos, proporcionando o acesso a novas “ferramentas” de trabalho no campo dos audiovisuais, como os microgravadores ou os vídeos e também possibilitando um tratamento da informação mais eficaz através dos computadores.
O trabalho em equipa está cada vez mais presente no desenvolvimento da atividade dos antropólogos. Para além do trabalho que podem desenvolver com outros cientistas socais, podem também trabalhar em equipes constituídas por profissionais de diversas áreas: por exemplo, com arquitetos, engenheiros, juristas ou historiadores se for numa autarquia, com gestores, economistas ou engenheiros se for numa empresa, e ainda em outros contextos profissionais como os projetos de combate à pobreza, com psicólogos, sociólogos e técnicos de serviço social.
Áreas para a Antropologia Aplicada:
*Prospectiva Antropológica: modelos experimentais, cenários e horizontes prospectivos; modelos sociais e culturais.
*Imigração, emigração e migrações internas: problemas de anomia social, conflitualidade, segurança; problemas mentais e de identidade.
*Conflitos macro-sociais; o renascimento das identidades étnicas e tradições diferenciais; consumismo pós-industrial.
*Interesses mercantis da indústria e das empresas de marketing.
* Assessoria política.
*Problemas da velhice e envelhecimento da população e da sociedade industrializada. Gerontologia social.
*Nutrição e saúde.
*Estudos sociais e culturais aplicados em actividades como a Publicidade, Marketing, Política, etc.
*Etnografia e Etnologia rural e urbana.
*Investigação Social Aplicada.
De forma mais específica as suas funções serão as seguintes:
Prestar auxílio aos promotores na inventariação do patrimônio etnográfico geral;
Detecção de todos os artefatos relacionados com a cultura material de um povo, participando na sua recolha e inventariação e explicação (lendas, traje, folclore, tradições orais, etc.);
Elaboração de planos de investigação local, produção de material de divulgação e relatórios científicos;
Elaboração de fichas de inventário;
Recolhe, analisa e relaciona os dados relativos ao comportamento social e cultural, artefatos, linguagem e biologia humana dos grupos;
Estuda o desenvolvimento e as relações recíprocas dos grupos linguísticos, no que respeita à cultura e à sociedade efetua estudos comprovativos das sociedades e das culturas, e estuda ainda as diferenças físicas e humanas no seu significado e efeitos no que respeita à hereditariedade, meio físico e aspecto humano.
EMPREGO:
Os antropólogos podem atuar em áreas de atividade bastante diferentes:
* Na área das empresas e organizações, podem trabalhar, por exemplo, em empresas industriais ou de serviços, intervindo na formação profissional, na preparação de novas formas de organização do trabalho, no planejamento estratégico da empresa, nas estratégias de marketing e relações públicas, nos estudos de impacto das novas tecnologias sobre a estrutura da organização, no recrutamento e seleção de pessoal ou na avaliação de desempenho e análise de funções. Podem ainda trabalhar em empresas de estudos de mercado, entre outras;
* Nas autarquias e gabinetes técnicos de desenvolvimento regional e local, os sociólogos podem trabalhar ao nível do planeamento e desenvolvimento, participar em projetos de intervenção urbanística e ambiental, em projetos de animação local, em planos de reabilitação urbana, em planos de proteção civil, entre outros;
* Os antropólogos que se dediquem à área da cultura e comunicação podem trabalhar em domínios tão diversos como políticas culturais e gestão do patrimônio cultural, museologia, marketing e publicidade, projetos de animação cultural e social, comunicação empresarial, entre outros, podendo exercer a sua atividade em empresas de âmbito diverso, tais como jornais, revistas, empresas de publicidade, ou gabinetes de animação cultural;
* Na área da administração pública central e regional, podem trabalhar em políticas sociais, em projetos de luta contra a pobreza e exclusão social, na reinserção social, em projetos de intervenção em diversas áreas culturais, nas políticas de ensino e administração escolar, nas políticas de saúde e administração hospitalar, nas políticas de emprego ou na avaliação de projetos e políticas de âmbito social, entre outros;
* Os antropólogos podem ainda trabalhar no contexto do ensino (sobretudo no que se refere ao ensino universitário) e da investigação (em centros de investigação associados às universidades ou em gabinetes de estudos e planeamento, por exemplo). Na área de consultoria ou em projetos de investigação-ação.
Sendo a antropologia uma ciência social, ela faz naturalmente fronteira com outras ciências desta área, designadamente com a sociologia, a psicologia social, a economia, a geografia humana ou a história, havendo zonas de conhecimento que naturalmente se sobrepõem e complementam. Como tal, os sociólogos para além de uma formação base universitária em Antropologia necessitam também de possuir conhecimentos suficientes dessas outras ciências que lhes irão ser úteis no desenvolvimento do seu trabalho.
Concluída esta formação há ainda a possibilidade de aprofundar os conhecimentos através de alguns mestrados e pós-graduações existentes nesta área, nomeadamente em Antropologia Social e Cultural, Museologia, Sociologia, Geografia, História, Comunicação Social entre outros.
Relativamente aos percursos profissionais, são várias as estratégias pelas quais um jovem pode optar e que se complementam entre si. Uma primeira estratégia que pode adotar, ainda enquanto estudante, é aquela em que procura seguir os passos da investigação e docência dentro da própria universidade, o que implica um maior investimento relativamente às notas. Pode também seguir uma outra estratégia direcionada para o exterior da universidade, em que terminado o seu curso procura emprego pelas vias tradicionais, por exemplo através dos jornais. Uma terceira estratégia, mais ativa, é aquela em que ainda durante o curso o jovem se vai envolvendo em atividades ligadas à área (por exemplo enquanto entrevistador num projeto de caracterização de um bairro), ao mesmo tempo que vai tirando o seu curso. Isto traz-lhe a vantagem de adquirir um melhor conhecimento da realidade profissional e simultaneamente ganhar alguma experiência.
Em relação à evolução nas carreiras que os antropólogos podem seguir, não há ainda um quadro muito definido, mais uma vez devido ao fato de esta ser uma área recente. De qualquer modo, os antropólogos que forem trabalhar para a administração central e regional ou para as autarquias seguem a progressão na carreira prevista no regime geral para os técnicos superiores, começando por ingressar na categoria de técnico superior estagiário e podendo atingir, em topo de carreira, a categoria de assessor principal. Do mesmo modo, os que seguirem as carreiras do ensino ou da investigação inseridos no sistema da função pública seguem a evolução prevista na lei. A evolução na carreira dentro do setor privado segue as normas de cada empresa ou setor.
CONDIÇÕES DE TRABALHO:
Atualmente, observa-se que a maioria dos antropólogos é trabalhador por conta de outrem. Esta situação deve-se sobretudo ao fato destes profissionais trabalharem em instituições públicas, quer sejam de ensino, quer sejam da administração central e regional ou autarquias. No entanto, começam a surgir situações em que os antropólogos desenvolvem trabalho por conta própria, normalmente enquanto consultores integrados em pequenas equipes. Em alguns casos, estes profissionais acumulam a situação de trabalhador por conta de outrem com a de por conta própria.
Os antropólogos podem ter alguma flexibilidade de horário, conforme o tipo de entidade para a qual estão a trabalhar ou o tipo de trabalho que estão a desempenhar. Por exemplo, é natural que um docente tenha menos flexibilidade de horário do que um investigador que se encontre a desenvolver trabalho de campo.
Fonte: clientes.netvisao.pt