Falar sobre a cultura indígena e Igreja é uma aventura, pois este encontro foi marcado por cicatrizes profundas e, muitos não gostam de tocar no assunto, sentem aversão, porém, outros observam com naturalidade e esperança.
A história revela um grande palco, onde interagem as mãos de pessoas de bom coração. Aquelas que desejaram a paz e alegria da comunidade, sem excluir ninguém! O coração é onde habita o espírito da floresta, um Deus verdadeiro. E as mãos dos que ambicionaram tudo para si, sem coração, sem perceber a fome das crianças, cujas terras de seus pais foram tomadas, muitas vezes em nome de uma religião, de um deus que não existe.
1.Gentes – sinais
Ontem e hoje. Das ideologias colonialistas às manobras políticas do “progresso e empreendedorismo” – surgiram líderes dentro das aldeias indígenas e da Igreja que compreenderam o significado da dignidade humana, reconhecidos depois na alma da história: Sepé Tiaraju foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria. É o primeiro índio herói do Brasil, oficialmente – herói guarani missioneiro rio-grandense – morreu na luta contra a invasão luso-brasileira e espanhola, pelo seu povo – por esse motivo é tido como santo popular; José de Anchieta, jesuíta (séc. XVI) por defender os índios dos abusos dos colonos e por valorizar a língua tupi – escrevendo “Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil”; quando ainda as Constituições do Brasil não mencionavam os primeiros construtores de sua pátria, José Bonifácio de Andrade e Silva, em 1° de julho de 1823, na Assembléia Constituinte, propunha em seus Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil, os seus direitos reconhecidos ; os irmãos Vilas-Boas – por valorizar e unir as etnias do Alto Xingu percebi quando estive lá o carinho e saudade que os índios guardam daqueles irmãos; Darcy Ribeiro, como bem escreveu seu sobrinho, sabia que os povos indígenas diante de toda opressão “guardavam no peito um orgulho de si mesmos como índios; a voz de Erwin Kräutler, Bispo do Xingu, presidente do CIMI; do líder da etnia Kocama no Alto Solimões, Antonio Samias – quando celebravam o reconhecimento de seu povo, ouviu-se dele: “Eu sou gente, sou kocama, sou índio de verdade. Meu pai era índio de verdade, meu avô era índio de verdade (…)”.
Clique aqui para ler o artigo na íntegra
Por: Edison Huttner
Coordenador do NEPCI – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura Indígena-PUC/RS
Maravilho texto. Sobre este tema é melhor que li até hoje!
Profundo e valoriza as religiões e a vida.
Vamos divulgar.
Jeferson