Índios Ikpeng mantêm as tradições, com um pé na modernidade

Os Ikpeng, etnia indígena que vive no Parque do Xingu, no Mato Grosso, possuem um forte senso de preservação de sua cultura. A preocupação em não perder todo o conhecimento e história que acumularam é o que impulsiona iniciativas como oficinas de vídeo e a fundação da Mawo – Casa de Cultura Ikpeng, uma espécie de museu que vai abrigar gravações, fotos, desenhos, mapas e textos que trate da cultura da comunidade.

Com as oficinas, os Ikpeng pegaram gosto pela sétima arte e já produziram alguns filmes. O mais recente é “Som tximna yukunany”, ou “Gravando som”, em português, um documentário que começou a ser filmado em 2008 e retrata a festa do Yumpuno, o momento mais importante do Moyuo, rito de passagem que marca o momento em que as crianças (principalmente meninos) de cerca de 9 a 10 anos começam a ingressar na vida adulta.

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Normalmente, o processo dura entre um ano e um ano e meio. Entre os rituais estão a organização de festas pelas famílias das crianças e o oferecimento de presentes para os padrinhos. Antigamente, os regalos mais cobiçados eram artefatos como cocares, cestos e arcos. Hoje, os objetos mais valorizados são cobertores, bacias, caldeirões, sandálias Havaianas, lenhas e redes. Por causa da “gastança” exigida pelas festas e presentes, nem todos os índios têm condições de submeter seus filhos aos ritos.

Durante os meses de rituais, as crianças não podem comer doces ou peixes gordurosos, entre outras restrições alimentares; não podem cortar o cabelo e nem dançar nas festas. Os garotos devem aprender a ser fortes e resistentes. Até alguns anos atrás, eles eram levados para a mata para caçar. Hoje, essa parte do processo está enfraquecida.

Passado esse período, acontece a festa final, o Yumpuno. Os meninos dançam a noite toda, de mãos dadas com os padrinhos, “para absorver o conhecimento deles”, diz Maiuá Ikpeng, professor e secretário da Casa de Cultura Ikpeng. Quando o dia amanhece, as crianças são tatuadas no rosto com o desenho característico dos Ikpeng. A marca é feita com espinho de tucum, e a tinta é produzida com uma mistura de carvão e resina de jatobá. “Depois disso eles ganham respeito”, diz Maiuá. E estão prontos para serem verdadeiros Ikpeng.

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Por Juliana Tiraboschi, da Redação Yahoo! Brasil, no Parque Indígena do Xingu (MT)*

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