Povos indígenas de Roraima seguem firme na luta em defesa da Constituição Federal e contra a PEC 215

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Os povos indígenas de Roraima mais uma vez mostraram resistência e união contra os ataques aos direitos indígenas durante a mobilização a favor da Constituição Federal de 1988 e contra a PEC 215 que aconteceu dia 2, na comunidade indígena Sabia, na Terra Indígena São Marcos, município de Pacaraima.  Desde 1h da madrugada, os filhos de Anike e netos de Makunaima, se organizaram com faixas e cartazes pedindo o “arquivamento já da PEC 215”, “respeito aos direitos indígenas garantidos na Constituição Federal”, com pinturas simbolizando a tradição indígena, danças e cantos tradicionais valorizando a língua materna. O ato ocorreu na BR 174, rodovia construída no interior da TI. Os participantes amanheceram determinados a lutar em defesa da Constituição Federal de 1988, que garante direitos indígenas, assim como lutar contra a instalação da Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 215.  A mobilização reuniu mais de mil pessoas, povos indígenas das onze etnoregiões do Estado, envolvendo a participação de crianças, jovens, mulheres, lideranças indígenas, as organizações indígenas e movimentos sociais, que são parceiros históricos das lutas e conquistas indígenas. Parte do movimento se organizou no Centro Makunaimî sentindo ao município de Pacaraima, onde o acesso também ficou fechado.

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De acordo com a programação, o movimento iniciou as atividades com entoação do hino nacional na língua indígena macuxi, um ato simbólico de respeito à pátria e também a memória dos primeiros habitantes do Brasil. Em seguida houve a fala de lideranças indígenas de cada região manifestando repúdio contra a PEC 215, as 19 Condicionantes imposta no Decreto Homologatório da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.   A juventude e mulheres indígenas participaram incansavelmente, buscando animar os participantes da mobilização com musicas em letras compostas contra a PEC 215, a favor da Constituição Federal e as belezas da mãe terra, da mãe natureza.  Em uma decisão democrática das antigas e atuais lideranças do movimento indígena de Roraima decidiram protestar contra os ruralistas e Deputados de Roraima que defendem a PEC 215 fechando o trafego na BR/174. O protesto gerou insatisfação aos condutores de veículos, causando tumultos, onde lideranças indígenas foram desrespeitadas, palavrões ditas as lideranças indígenas e demais participantes, expressando total preconceito aos indígenas e seus direitos. O fechamento na BR não prejudicou o acesso de ambulâncias e veículos da saúde indígena.
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Embora a situação tenha causando insatisfações, transtornos a condutores, onde alegaram o direito de ir e vir, o movimento indígena continuou resistente, com o fechamento da BR. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local para prestar as orientações e após 12h fechada, os povos indígenas liberam a passagem na BR.

A ocasião gerada com o fechamento da BR foi irrelevante diante aos objetivos do movimento pacífico, que foi de manifestar, repudiar, sobretudo de fortalecimento e união dos povos indígenas de Roraima.  Durante o pronunciamento, onde diversas lideranças indígenas expressaram indignação e repúdio, a Secretária do Movimento de Mulheres Indígenas, do Conselho Indígena de Roraima (CIR) Telma Marques Taurepang, num tom de voz firme, guerreiro, disse que os povos indígenas reivindicam mais respeitos aos direitos garantidos na Constituição Federal e pediu cumprido dos artigos 231 e 232, pela garantia de vida das futuras gerações que está em risco.

No mesmo ato de manifestação, Samuel André de Sousa, 6 anos, neto de uma das lideranças indígenas que covardemente foi atacado por  pistoleiros armados, em maio de 2008, na atual comunidade indígena 10 Irmãos, região Surumu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol pediu justiça contra a violência cometida ao seu avô. Samuel disse “hoje somos criança, queremos um futuro sem violência, por isso não a PEC 215”. O Coordenador Geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR) Mário Nicácio apresentou ao movimento indígena os últimos resultados da questão PEC 215, suspensa dia 1, em Brasília pelo Presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves. O movimento avaliou ser mais uma conquista da mobilização organizada em todo Brasil, inclusive em Brasília, que reúne diversos povos indígenas. No entanto, não consideram ser uma vitória, porque a reivindicação é o arquivamento da Proposta.  Conforme o resultado positivo, a mobilização, que antes, estava prevista para se estender aos demais dias, encerrou à tarde com uma reunião de avaliação do movimento e definição de mais mobilizações em Roraima. Além disso, houve a leitura da Carta da Mobilização dos Povos Indígenas de Roraima que será encaminhada à Presidência da República e demais órgãos do Governo..

O Coordenador do CIR Mário Nicacio viajou dia 2/11 à Brasília, onde representou os povos indígenas em audiências nos órgãos do Governo, somando forças aos demais membros da delegação indígena de Roraima que acompanha a Mobilização Nacional Indígena.

Fonte: http://www.cir.org.br

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