Refúgios Indígenas

Tradução e resumo do capítulo Refugios Indigenas do livro La Nacion Charrua – Rodolfo Maruca Sosa
Por: Cátia Simone Silva

Os charruas eram nômades, as terras não tinham donos, só havia concepção de propriedades para arco, flechas e outras armas e utensílios de uso comum.

O índio contou com abrigos naturais, também com os campos altos arenosos das margens dos rios. Sobre os abrigos, e colocando troncos e ramos formavam refúgios que cobriam com peles de animais.

Geralmente formavam montes nas zonas de banhados, as proximidades com a água beneficiavam a caça e a pesca. Nestas zonas talvez o indígena não fora nômade, pois todo o ano tinham alimentos, os cerritos confirmam esta ocupação.

Do lado argentino, nas margens do Rio Uruguay e Delta do Paraná, se encontram túmulos de características idênticas aos do Uruguay, e em cujo interior se conservavam restos arqueológicos também similares.

As plataformas terrestres estavam compostas geralmente de areias, terras vegetais, húmus, etc, que eram transportadas em grandes couros de lugares próximos. A medida que iam levantando o “cerrito” deixavam sepultados todos os desperdícios: restos de comida, cerâmicas amontoadas ao acaso, ossos de animais, espinhas de peixe… Nenhum vestígio de abrigos foram encontrados pelos investigadores, pois troncos, ramas, couros são elementos desintegráveis a ação de intempéries em pouco tempo.

Para a construção da casa, a mulher charrua corta três ou quatro varas, pouco mais grossa que o dedo polegar, e as dobra cravando as pontas na terra. Sobre estes arcos afastados uns dos outros, tem uma pele de vaca e ficam habitando a casa ou o toldo, o casal e alguns filhos, que dormem sobre uma pele. Alguns autores falam de outras pessoas habitando a casa, e também os cachorros. É inútil dizer que não conhecem cadeiras, mesas, etc…, e as suas mulheres faziam comida fora de casa.

Quase todos os historiadores, e viajantes falam do abrigo dos charruas primitivos, que eram denominados toldos, e como sendo confeccionados de varas e couros de animais, fáceis de transportar, pela questão nômade de procurar alimentos.

Na narrativa de Lope de Souza, um dos primeiros observadores da costa do Uruguay, viu índios vivendo próximo do Rio Pavon e do Arroio Pereira, em tendas de esteiras que formavam casas, percebeu também a possibilidade de serem begoa chana, que encontraram antes e falavam um pouco de guarani e outras palavras, o intérprete não entendeu.

Ulrico Schmidel esteve 20 anos nos territórios do Rio da Prata e fala dos querandies, cujas tribos estavam na região do delta Paranaense, e nos informa que eles não tem um paradeiro próprio, no verão e nas estações frias se recolhiam junto a costa, tendo suas casas como a dos seus vizinhos com toldos de couro.

Alguns autores citam que os charruas viviam em esteiras, sim era território charrua, mas eram construídos pelos timbués ou chanáes ou outras parcialidades que haviam se somado aos charruas. Também tiveram refúgios de ramas, moita, etc… e que as cobriam com peles de animais silvestres. Era comum nas nações patagônicas, pampeanas, querandies, etc… e que também são usadas por tribos existentes na zona chaqueña e outros lugares da América. Além disso, informa Lope de Souza que os índios que viviam nas proximidades do “Rio dos Beguoais”, limitando-se a Canelones e Moldonado, dormiam aonde chegasse à noite.

Outros que sucederam a Lope de Souza observaram tetos e paredes, outros apenas paredes que prendiam ao solo mediante estacas, ajustadas a um tronco horizontal, o que sustentavam em dois verticais, só para aguentar os ventos do verão. Félix de Azara fala de couro de vaca colocado como toldo (em plena colonização).

Sendo um couro de vaca ou cavalo insuficiente para manter aquecida uma família, durante o inverno. Acreditando-se que colocavam couro também nas paredes, que já conheciam quando usavam os “juncos” e os uniram em direção do teto mediante longos pedaços, o mesmo que as dos costados, e estas com cunhos no solo ou ajustados com pedras.

Foi o cambio tão radical? Enquanto que usaram o junco se preocuparam mais de fazer paredes que tetos, mais tarde co o uso de couros de vaca ou de cavalo formaram tetos sem paredes? O autor vê em tudo isto algo incoerente.

Sosa está de acordo com Félix de Azara, com D´Orbigny que falam de tendas de couro, e com os professores José H. Figueira, Orestes Araújo e Antonio Serrano no sentido construtivo, donde expressam que colocavam ramas, dois ou três separadas e cravadas na terra ambas bordas em forma de U invertida em cima os couros.

O autor reparou que se os índios eram de tão escassa mentalidade, como passaram tão rápido dos juncos aos fortes refúgios de couro. Demais os tetos de palhas, devem ter volume e serem compactos para que as águas caídas não penetrem no interior, senão de que serviam? Bem leves deviam ser, para que as mulheres as transportassem quando se mudavam de lugar. De que valiam estas esteiras durante o inverno? Sosa acha prudente pensar que os charruas já conheciam o couro, caçavam animais silvestres, alimentavam-se com a carne e usavam seus couros de pumas, cervos, capivaras e estes tenham servido do mesmo modo como os couros das vacas ou cavalos, as peles eram usadas também como vestimentas no inverno, pois no verão andavam nus.

É prudente admitir que os charruas, chanáes e outras parcialidades que haviam estabelecido um tráfico, relacionando-se com indígenas querandíes, pampas, etc… do lado Argentino, algo aprenderam de seus vizinhos e é induvidável que o detalhe da formação de suas coberturas, não lhes passou desapercebido.

Há contradições entre os escritos de uns e outros informantes, enquanto uns sustentam que os charruas não adotaram a gruta, cova ou caverna, nem construíram túmulos, ou segundo outros andavam em bandos com os lobos, custa creer que estes índios se dedicaram a unir juncos para formar esteiras destinadas aos refúgios, frágeis brinquedos para os ventos e verdadeiras peneiras para a chuva.

Afiavam com pedras, as fortes espinhas de peixe com os quais costuravam os couros para passar o tempo e formar seus abrigos corporais ou coberturas de seus refúgios. Usavam para leito pasto seco que cobriam com peles de yaguareté, pumas, cervos, capivaras…

Segundo Lozano, alguns colocavam entre duas estacas ou troncos de árvores uma espécie de macas feitas de fibras de vegetais e que lhes serviam para descansar, para Lozano obtiveram o truque dos “tupi-guaranis”.

Carregavam a pé os objetos que eram usados pela tribo quando trocavam de lugar, carregavam os utensílios imprescindíveis como os de casa e facas, e deixavam os mais pesados. Quando as tribos possuíam uma canoa, então carregavam mais cargas.

Dos relatos dos viajantes e que foram citados por ordem cronológica, cada um obsevou de maneira superficial, legando versões contraditórias. Mas quase todos estão de acordo ao afirmar que o índio teve moradia, não importa a técnica, nem os materiais, nem a qualidade da construção.

Nós nos afirmamos na idéia que o índio conheceu o uso do couro, porque no meio natural onde ele viveu, sempre houve animais e foi etapa obrigada de todas as culturas humanas conhecerem as aplicações do couro, por rudimentares que foram, é sabido que, “cru” ou “curtido”, prestou ao índio um serviço inapreciável.

Em conclusão, opinamos que os índios charruas usaram ramas e couros para seus refúgios, e o visto pelos antigos navegantes e cronista respeito ao uso das plantas junca para construir esteros como reparo, moradia, etc… foi feitura de outros índios como os mbegueas, timbués, etc… que chegados a estas terras charruas por circunstâncias especiais, continuaram com os costumes tradicionais de suas tribos.

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