O proprietário, Mateus Vergara, contou que a ideia de montar o Rancho da Vovó surgiu após um passeio que ele e sua esposa, Inara Nunes, fizeram na Colônia Maciel, lembra que era um domingo à tarde, com sol quente e não encontraram nenhum local para comprar uma água, fazer um lanche ou tomar uma bebida. Neste dia, verificaram que estava faltando um restaurante na localidade.
Foi neste mesmo dia do passeio que viram um prédio abandonado (sabiam que ali já tinha sido um salão de baile), e meses após reformas, foi inaugurado em 2 de setembro de 2018, o Restaurante Rancho da Vovó, na estrada principal da Colônia Maciel.
A partir da visão empreendedora o casal começou a amadurecer a ideia, pois tinham uma percepção do lugar e o Mateus comentou: “A colônia Maciel é muito bonita, é um verde diferente, região montanhosa, é diferente de outras regiões, aqui tem bastante água, cachoeiras, pontos turísticos, tem o túnel do trem aqui bem pertinho, a vinícola João Bento, outras vinícolas, é rota de turismo rural”.
Lamenta que também tinha o Museu da Maciel, mantido pela UFPel e prefeitura de Pelotas, mas está abandonado, pois caiu o telhado e quebrou muitas coisas que tinha lá dentro e o prédio não foi reformado até agora, “é menos uma coisa turística aqui na região, esse museu na Colônia Maciel”.
O empresário Mateus contou: “Para mim é um lazer vir para cá, estar aqui trabalhando. Quando começamos éramos bem pequenininhos…, só eu, a esposa e a filha de 1 ano e 6 meses, não tinha nem placa, mas o pessoal chegavam e perguntavam: Vocês não tem pastel? Nada pra tomar, para comer? Vocês não tem linguiça, ovos, pão, cuca? Era uma procura, parece que queriam levar alguma recordação do passeio. …Era uma conserva, um vinho, um licor… Após a inauguração já com almoço e café colonial aos
domingos, começou a engrenar. Mas, no período da pandemia nos judiou um pouco, mas graças a Deus eu tenho emprego fixo, sou motorista na Câmara de Vereadores de Canguçu, mas foi uma pena para os funcionários que também deixaram de ganhar”.
Para o empresário Mateus Vergara, a palavra rancho remete ” A uma casa humilde, de barro, simples, com fogão a lenha, com cheiro de comida, tempero, linguiça, café… Tu entra num rancho de uma pessoa caprichosa, humilde, é um ranchinho, mas tu sente alguns detalhes: é um chão ou assoalho bem
varrido, um cheirinho de linguiça ou carne de porco fritando no fogão a lenha, então são coisas que chamam a atenção. E assim, o nome “Rancho da Vovó”, remete a casa da vovó, porque não tem coisa melhor no mundo do que a casa da nossa avó, os temperos e sabores que só a vovó faz».
Toda a decoração do Restaurante Rancho da Vovó tem uma história familiar, tem jogos de porcelana, bules antigos, biscuit, latas de caramelo, lata de compota da Vega, muitas fotografias antigas e outros objetos que remetem a uma herança histórica e cultural do lugar e dos antepassados. Em um ambiente aconchegante e familiar que relembra a infância do casal e de muitos visitantes.
A gastronomia auxiliando no desenvolvimento local
O Mateus explicou que sempre gostou de cozinhar e a esposa além de boa cozinheira também é boa confeiteira e esse casamento perfeito auxiliou para o casal montar o restaurante. “As cozinheiras e demais funcionários são da localidade mesmo, trazem o hábito de fazer umas comidas mais temperadas, rústicas, diferente de uma comida industrial das cidades, alguns funcionários são de Canguçu, mas se adaptaram aos costumes. São pessoas acostumadas a trabalhar, pois já desde crianças trabalham e
para elas sábado ou domingo é a mesma coisa, pois explicam que para a colheita do pêssego, ou do morango, de feijão… não tem dia, é conforme o clima”, e assim, o Mateus diz que fica contente, pois o restaurante só funciona aos finais de semana e feriados e para os funcionário(a)s isso não importa.
Muitos alimentos utilizados na produção dos pratos são produtos locais, produzidos por agricultores da própria Maciel, entre eles estão: a abóbora, milho, ovos, feijão entre outros. Mas, as carnes, linguiças são adquiridos no Frigorífico Fita Azul, entre outros alimentos que se abastecem no município de Canguçu, como no Mercado e Feira Heling, entre outros, pois fica mais perto do que Pelotas e lá tem bons fornecedores.
A proprietária Inara salienta: “Nosso buffet é composto de comidas caseiras onde elas são produzidas aqui, cada prato é preparado com todo amor e carinho! São cinco anos distribuindo amor, pois, cozinhar não é um serviço, é uma forma de amar». «Nós oferecemos e fazemos conforme tu gosta!”.
O empresário Mateus explica… “O que a gente oferece é o que gostaríamos de ter… Pois como vamos oferecer uma carne ruim se gostamos de churrasco? A carne é ao gosto da pessoa , mal passada, bem passada, a bebida é variada: com ou sem gelo, com limão, laranja, conforme a pessoa quer”. Tudo isso nasceu da experiência do proprietário que viaja muito e gosta de chegar num restaurante e ser bem atendido, e assim também fazem no seu empreendimento. “Aqui no Rancho da Vovó, observamos se tem alguém na mesa esperando algo, pois coisa ruim é sentar numa mesa e não vir a tua bebida, ou tu querer mais gelo e o garçom nem olhar, e aqui não a gente chega a ser chato em função disso, eu gostaria
assim, atender bem, e uma comida bem quente, saborosa, se tem cebola num prato não colocamos no outro, se tem alho numa coisa, não tem na outra, são pequenos cuidados que a gente tem para satisfazer todos os gostos”.
A influência e os traços culturais da colonização na Colônia Maciel
Nas palavras do Mateus: “A colonização aqui é italiana, inglesa, francesa, espanhola e outros imigrantes. Aqui na Colônia Maciel qualquer um faz vinho, uma compota, suco de uva, derivados de uva, é herança dos pais, dos avós… e isso os moradores já tem no dia-a-dia deles, o gosto pelo natural, de coisas produzidas pela família e eles tem orgulho de dizer que são eles que fazem, e isto eu e a minha esposa achamos muito bacana e a gente gostou dessa ideia”.
Como é o Tudo junto & misturado
Aos sábados os clientes podem chegar cedo, por volta das 10:00h e já pedir uma água para o chimarrão, é uma água que vem lá da serra, praticamente mineral que o Rancho da Vovó tem para oferecer. Se for verão, o chimarrão pode ser tomado embaixo da sombras das árvores, e caso for inverno pode ser sevado ao redor da lareira, também tem café, chá de maçã, quentão de vinho colonial, tem vinhos João Bento, Camelato, licores… e depois por volta das 11:30h batem o sininho para avisar que o almoço já está
pronto.
O “Tudo junto & misturado” foi a Inara que batizou com este nome, a empresária explica que foi a partir do “Brunch, pensando nessa mistura de café e almoço que surgiu a ideia do tudo junto & misturado”. Pois o brunch é uma opção de refeição onde alimentos, receitas e bebidas tanto de um café da manhã quanto do almoço são servidos juntamente.
No período do verão o horário do «Tudo junto & misturado» é das 12h às 15h e no inverno os pratos ficam à disposição dos clientes, que podem após o almoço ficar beliscando até às 17:00h da tarde, o Mateus comentou: “Tu vai ali e belisca um pastel, uma tortinha com chá de maçã e assim tu passa, por um valor único, você almoça e depois toma café”.
E assim, a pessoa passa o dia inteiro no Rancho da Vovó, experimentando de tudo um pouco, tem boa internet, televisão, lareira, sofá com pelego, tem espaço na rua com mesas nas sombras das árvores, galinhas soltas no pátio, ciscando e compondo o ambiente rural.
Endereço:
Colonia Maciel 8º de Pelotas
Quem vem de Pelotas sentido a Canguçu sempre pela BR, passa o trevo do Morro Redondo dá 3 km na BR 392, no que passa o KM 102 entra a direita. Tem uma placa Colonia Maciel Estrada principal da Colônia, dá 1 km 800 bem na Vila Maciel.
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«Nossa colônia é muito linda! Vale a pena conhecer cada cantinho, cada história, tem lugares encantadores!» Mateus e Inara.
Texto: Cátia Simone Castro Gabriel da Silva
Antropóloga e Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional.